13 September 2013

Rafael Nadal coloca a Espanha no topo do tênis e emociona toda uma nação

Rafael Nadal
O tenista espanhol Rafael Nadal, 27 anos, nº 2 do ranking da ATP, nascido em Manacor, Maiorca, nas Ilhas Baleares, conhecido como Touro Miúra, coloca a Espanha no topo do tênis mundial. Juntamente com os tenistas David Ferrer e Tommy Robredo perfazem 14 torneios, ficando isolados na primeira posição (*).

O maiorquino conseguiu uma verdadeira façanha na atual temporada depois de ficar sete meses fora do circuito do tênis e ter pensado em abandonar a carreira por causa de uma lesão no joelho.

A Espanha passa por uma situação muito difícil nos últimos anos, com um número de desempregados que ultrapassa os 6 milhões e um único espanhol consegue colocar a Espanha em todos os noticiários do mundo. 

Os espanhóis veem em Rafael Nadal uma pequena luz para iluminar o dia, um orgulho que ainda podem se dar ao luxo de ter.

No começo desta temporada, ainda cheio de dores e decepções, após ter sido obrigado a desistir de participar das Olimpíadas de Londres, ele voltou na maior humildade participando de torneios menores para começar de novo a fortalecer as pernas. 

No Atp 250 de Viña del Mar, Chile, foi o primeiro torneio que ele disputou depois da volta. Ele foi vice-campeão.

O torneio seguinte, ATP 250 de São Paulo, Brasil, Rafa ainda estava em plena recuperação e sentindo muitas dores. Assim mesmo ele foi o campeão.

Na entrevista após o jogo seu tio e treinador, Toni Nadal, disse que dificilmente Rafa voltaria a ser o número 1 do mundo. Ele já havia sido o número 1 por duas vezes, em 2008/2009 e 2010/2011. 

Nesse ponto Nadal se sentiu mais forte e partiu para Acapulco, México, e mostrou do que é feito em uma final sensacional no saibro mexicano contra o também espanhol David Ferrer. Com orgulho ele pode morder o lindo troféu mexicano em forma de cabaça vestido com a camisa violeta e o sombrero mexicano.

Nadal, então era o nº 5 do ranking. Na frente dele tinha David Ferrer, nº 4, o britânico Andy Murray, nº 3, Roger Federer nº 2 e Novak Djokovic, o nº 1. 

Foi nesse ponto que Nadal resolveu sonhar mais alto. Partiu para Indian Wells, na Califórnia, e foi testar os joelhos no piso duro. 

Com o joelho esquerdo sempre com ataduras, o canhoto de Manacor foi eliminando um a um dos adversários, derrubando pelo caminho o americano Ryan Harrison, o argentino Leonardo Mayer, o letão Ernests Gulbis, nas quartas o suiço Roger Federer (6-4 6-2), nas semifinais o tcheco Tomas Berdych (6-4 6-4) e na final o argentino Juan Martin Del Potro (4-6 6-3 6-4). 

Rafael Nadal foi o campeão do Masters 1000 de Indian Wells.

A partir daí ele não parou mais. Resolveu pular o Masters 1000 de Miami e voltou para sua cidade para se preparar para os torneios de saibro. 

Lá foi Rafael Nadal para o saibro de Monte-Carlo, Mônaco. O Touro já podia bufar e chifrar com mais força, apesar de continuar com as ataduras no joelho, mas no meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho, chamada Novak Djokovic, antiga pedra no caminho de Nadal. 

O sérvio, nº 1 do ranking, que havia perdido em Monte-Carlo para Rafa no ano anterior, passou bastante tempo treinando nessa mesma quadra (Djoko reside em Monte-Carlo) para conseguir o que vinha tentando e ganhou de Nadal na final.

Nadal não perdia em Monte-Carlos desde 2003. Ele foi o campeão de 2005 a 2012, mas Djokovic levou a melhor em 2013.

Nadal não desanimou. Partiu para Barcelona e não deixou ninguém no seu caminho. Foi o campeão do ATP 500 de Barcelona. Ele era o campeão e tinha os pontos a defender. E defendeu. Brilhantemente. Venceu na final o também espanhol Nicolas Almagro por 6-4 6-3.

Ainda se queixando de incômodos no joelho lá foi o Touro para Madri, na Caixa Mágica, onde havia sido o campeão em 2005 e 2010. Novamente Nadal ouviu o público que o levantava, o seu povo, e de presente a eles venceu o torneio e levou os seus pontos. Venceu na final o suíço Stanislas Wawrinka por 6-2 6-4. 

Para um touro que havia parado por sete meses isso não era nada. A energia acumulada saía por todos os poros. Nadal parte então para Roma, Itália. Ele era o campeão e tinha seus pontos a defender. Em uma final histórica ele venceu ninguém menos que Roger Federer por 6-1 6-3. Foi uma consagração digna dos deuses.

E finalmente, o grand slam dos sonhos de tantos jogadores estava ali, esperando Rafael Nadal, que já tinha mordido sete troféus franceses. Roland Garros recebeu Nadal de braços abertos, como um verdadeiro herói. E ele, com toda a gana e entusiasmo correspondeu às expectativas e levou o oitavo Troféu dos Mosqueteiros. A final com o compatriota David Ferrer foi para o deleite de todos os amantes do tênis. Nadal venceu por 6-3 6-2 6-3. 

Na plateia a Família Real espanhola não sabia o que fazer. Dois espanhóis disputando tamanha honraria. 

A Espanha tinha um dia e tanto para comemorar, apesar do sofrimento da maioria dos espanhóis. E comemoraram e choraram de alegria. Mais uma vez um espanhol dava motivo de orgulho pra toda uma nação.

Agora era a hora da onça beber água. Nadal não testava o joelho em grama havia tempos. Foi para sua cidade, no local onde ele se enche de energia, no paraíso de Monte Cristo, e se preparou para a grama, mas, em Wimbledon, em dia de grama escorregadia, ele titubeou e com medo de escorregar e ferrar de vez com o joelho deixou a vitória lá na primeira rodada, para um tenista 135 do ranking. Nadal perdeu por 3 sets a zero e saiu humilhado de Wimbledon, onde já havia sido o campeão por duas vezes.

Nadal, com ataduras coloridas no joelho tirou férias e foi velejar em Ibiza e deleitou-se com o cenário maravilhoso para repensar a vida.

Depois de alguns dias ele voltou a treinar em sua cidade, Manacor, e preparou-se para a temporada de piso duro. Muito se especulou sobre a sua volta, mas touro que é touro não se abate e ele voltou.

Pra quem duvidava Nadal desembarcou em Montreal, Canadá, disposto a encarar seus demônios.

Nadal eliminou um por um dos adversários e venceu o Masters 1000 de Montreal, no piso duro,  contra o canadense Milos Raonic por 6-2 6-2. Belo retorno. Era o seu 25º torneio Masters. 

Emendou esse torneio no Torneio de Cincinnati, também piso duro, Estados Unidos, mais um Masters 1000. Jogou na final com o americano John Isner e venceu por 7-6(8), 7-6(3). Seu 26º Masters. 

Agora era a vez do último grand slam da temporada, o US Open, em New York. Nadal já tinha sentido o gostinho de ser campeão na Big Apple em 2010. Ele já era o tenista com mais pontos na temporada e chegou como favorito. O Rei do Saibro chega em New York também como um aspirante a rei do piso duro. 

E aconteceu. Nadal foi de jogo em jogo, todos muito batalhados e a final foi o jogo de maior emoção de todos os tempos. O adversário, ninguém menos que o nº 1 do ranking, Novak Djokovic. 

Ali, na maior quadra de tênis do mundo, com lugar para 23.000 pessoas (tinha 25.000 pessoas) com direito a sua Alteza Rainha Sofia de Espanha, torcendo nervosa a cada jogada do espanhol, Sean Connery (007), Leonardo Di Caprio, Alec Baldwin, Justin Timberlake e muitos outros famosos, todos pudemos assistir um jogo espetacular com o Touro Miúra se jogando no chão da quadra no final e chorando por ter conseguido mais uma vez. 

Rafael Nadal, o Rei do Piso Duro. O Rei de New York. O tenista que mais fez pontos na temporada. O espanhol que fez de novo uma nação inteira chorar. O orgulho da Espanha. 

Depois de todas as alegrias que ele proporcionou a seu povo, ele teve que voltar correndo para Espanha para defender seu país na Copa Davis. A Espanha colocou um jatinho à sua disposição, mas ele recusou e disse que seu país passa por tempos difíceis e não era hora de gastarem dinheiro com isso.

Rafael Nadal, no dia seguinte à sua vitória em New York, embarcou em um avião comercial e passou a noite viajando para desembarcar na quarta-feira de manhã em Madri, onde se apresentou para a equipe espanhola de tênis para defender as cores vermelho e amarelo de sua bandeira.

Hoje Rafael Nadal venceu mais um jogo, para a Copa Davis, defendendo brilhantemente seu país, levou a melhor contra o ucraniano Sergiy Stakhovsky por 3 sets a zero, com parciais de 6/0 6/0 6/4. 

Não fez diferença não ter tido tempo de voltar a treinar no saibro. Quem é rei nunca perde a majestade. 

Com essa vitória e a vitória anterior da "armada" espanhola, de Fernando Verdasco sobre o ucraniano Alexandr Dolgopolov  por 3-6 6-4 6-4 6-2, mais uma vez os espanhóis poderão comemorar e Nadal poderá deixar sua coroa de rei honorário do país no criado mudo e dormir tranquilo. Seu país está sonhando e olhando pra frente. A auto estima do povo espanhol hoje está lá nas alturas e é isso que faz uma nação inteira reagir.

Parabéns Rafael Nadal. Você é um grande cara. Até nós brasileiros hoje sentimos orgulho de você.

#VamosRafa

(*)
  • Rafael Nadal - Espanha - 10 torneios - (saibro - 6  / piso duro - 4)
  • Andy Murray - Reino Unido - 4 torneios - (grama - 2 / piso duro - 2)
  • Novak Djokovic - Sérvia - 3 torneios - (saibro - 1 / piso duro - 2)
  • Juan Martin Del Potro - Argentina - 2 torneios (piso duro - 2)
  • David Ferrer - Espanha - 2 torneios (saibro - 1 / piso duro - 1)
  • Fabio Fognini - Itália - 2 torneios (saibro - 2)
  • Richard Gasquet - França - 2 torneios (piso duro - 2)
  • John Isner - Estados Unidos - (saibro - 1 / piso duro - 1)
  • Nicolas Mahut - França - 2 torneios (grama - 2)
  • Tommy Robredo - Espanha - 2 torneios (saibro - 2)


Bernadette S. Holvery





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